Sem o apoio ‘centrão’, Ciro Gomes faz acenos à esquerda

Lançado oficialmente ontem pelo PDT como candidato do partido à Presidência da República, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes fez aceno direto a PSB, PCdoB e PT na tentativa de romper isolamento. As siglas integram o que a coordenação da campanha do pedetista chama de campo progressista.
MARCELO CAMARGO/ AGÊNCIA BRASIL
Um dia depois de perder o apoio do “centrão” (PR, PP, DEM, SD e PRB), que se bandeou para a pré-candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), e ainda sem um nome escolhido para vice na chapa, o candidato deu indicativo de que concentrará energias na costura de uma frente de esquerda. Em evento realizado na sede do PDT em Brasília, Ciro reuniu apoiadores, militância trabalhista e representantes de entidades civis. Num discurso de meia hora, repetiu inúmeras vezes que o “Brasil precisa mudar” e que “não é possível continuar do jeito que estamos”, modulando a retórica para contemplar bandeiras sociais. Também atacou o sistema financeiro e enfatizou a necessidade de reindustrialização do País. Sob risco de não firmar alianças e ainda tendo de enfrentar desgaste depois de suas últimas polêmicas — a principal delas, o xingamento desferido contra promotora paulista, a quem chamou de “filho da puta” sem saber que se tratava de mulher —, o ex-ministro investe as energias agora na formação de um arco mínimo de partidos que lhe permita ampliar o tempo de propaganda eleitoral. Sozinho, o PDT tem somente 28 segundos de exposição gratuita na TV e rádio. Para efeito de comparação, com a adesão dos cinco partidos do “centrão”, Alckmin deve ultrapassar os quatro minutos a cada inserção de 12min30s diária. Deputado federal e presidente do PDT no Ceará, André Figueiredo disse ao O POVO que a legenda brizolista tem uma tarefa urgente: fechar com o PSB. “Temos essa expectativa de que o PSB venha para a aliança. E vemos a possibilidade de o PCdoB entrar também”, disse. A sigla comunista tem encontro hoje para discutir se mantém a candidatura da deputada estadual Manuela d’Ávila (RS) ao Planalto ou se indica a parlamentar para vice noutra chapa. Já o PSB agendou reunião para o dia 30 e convenção para 5 de agosto, data-limite para oficialização dos candidatos. Questionado se o PDT vai tentar chegar a algum entendimento com o PT, Figueiredo respondeu que a agremiação “vai manter a candidatura do ex-presidente Lula”, que deve ser barrada pela Lei da Ficha Limpa. O dirigente pedetista também minimizou o anúncio de que o “centrão” apoiará o nome tucano nas eleições. “Não contávamos desde o início que o ‘centrão’ apoiasse o Ciro, mas houve movimentação de alguns partidos do bloco. Pra gente, foi até uma surpresa que eles aceitassem pontos da nossa agenda”, afirmou. Segundo o deputado, Ciro “tinha algumas simpatias de integrantes do ‘centrão’, mas, infelizmente, eles foram minoritários”. Até a véspera da divulgação do apoio do “blocão” a Alckmin, Ciro e sua equipe econômica negociavam diretamente com lideranças de legendas do grupo, notadamente o PP do senador Ciro Nogueira, o DEM do presidente da Câmara Rodrigo Maia e o SD do deputado Paulinho da Força — este último sugeriu que pode retomar as conversas com o PDT caso o PSDB não reveja itens da reforma trabalhista, como o fim da cobrança do imposto sindical. Líder do governo Camilo Santana (PT) na Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado estadual Evandro Leitão afirmou que, entre os objetivos principais do PDT neste momento, “estão fechar a coligação (com PSB, PCdoB e PT) e o nome para vice”. Fonte: O Povo Online    
Zeudir Queiroz

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