“A boa religião é aquela que suscita tolerância”, diz Frei Betto sobre comentário de Fábio de Melo

Em artigo publicado do jornal carioca O Globo, Frei Betto deu suas impressões sobre comentário do padre Fábio de Melo sobre a macumba, feito durante uma missa. O teólogo da libertação argumentou que o deslize não é exclusividade de Melo, mas um preconceito externado pela maioria dos católicos “frente às tradições religiosas de matriz africana, consideradas por eles meras superstições”. Ele enalteceu, entretanto, o fato de Melo ter reconhecido sua falha.
Na construção de seu raciocínio, o religioso defendeu que a macumba realiza oferendas de alimentos e bebidas, chamadas de despachos a espíritos ou entidades. A partir disso, questionou os católicos: “Qual é a diferença dos despachos de macumba com as salas de ex-votos nas igrejas?”.
Segundo Betto, Deus não tem religião. Para ele, tanto a galinha da macumba quanto o pão da eucaristia são objetos de fé de quem acredita no caráter sagrado da oferenda. “O vinho da missa e a cachaça do despacho dependem da crença dos fiéis”.
O teólogo ainda afirmou que é difícil ser tolerante quando se acredita que a religião professada é a única aceita por Deus. A boa religião, para Frei, é a que suscita tolerância, partilha, compaixão e serviços aos necessitados.
O caso 
A polêmica envolvendo Fábio de Melo surgiu após o religioso ter dito, durante sermão no Domingo da Misericórdia, que não tem medo de macumba. Ele ainda disse que poderiam deixar em frente a sua casa. “Se tiver fresco, a gente até come”.
Em seguida, o padre se lamentou pelas declarações. Por meio de nota, Melo disse que expressou convicções cristãs e pediu desculpas aos que se sentiram ofendidos.
Fonte: O POVO Online 
Zeudir Queiroz

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