Moradores de Juazeiro reclamam de lixo e buracos

Serviços públicos essenciais não estão sendo feitos a contento no município, que não acompanha crescimento Juazeiro do Norte. Avaliado como polo de desenvolvimento da região do Cariri este município não consegue atender às demandas que surgem através do crescimento populacional e da criação desordenada de novos bairros periféricos. Na maioria dos bairros da cidade não existe saneamento básico, o lixo permanece acumulado em vias públicas, há buracos nas pistas de rolamento de veículos e nas áreas de passeio e o serviço de podas de árvores é realizado pelos próprios cidadãos. Lixo acumulado em rampas e esgoto a céu aberto são vistos em bairros da cidade. A população reclama da inoperância da Prefeitura. Fotos: Roberto Crispim Quem não possuí o hábito de circular pelos bairros periféricos desta cidade acaba levando um grande susto. A situação beira o descaso e o abandono, segundo denunciam os moradores das áreas mais afetadas. Conforme afirmam, há casos em que moradores acabam por contrair doenças devido à falta de apoio do poder público. “Aqui na rua tem umas dez pessoas doentes por causa dessa sujeirada toda”, informa a dona de casa Maria das Dores da Silva, que reside na Rua da Paz, no bairro Romeirão. Ela diz que é obrigada a conviver com o mau cheiro exalado do esgoto que corre a céu aberto nas proximidades de sua residência, devido ao desinteresse em se resolver o problema. “Não tem quem suporte o cheiro. Tem dia que a gente não consegue nem almoçar direito com a fedentina. Parece que é de propósito. Já houve reclamação em tudo quanto foi canto e ninguém resolve nada”, diz. A situação, além de gerar incômodo, cria também a preocupação em torno da proliferação de insetos e animais roedores que podem transmitir doenças mais graves. “Mosquito é só o que tem aqui nesse bairro por causa da falta de serviços pela Prefeitura. Em toda casa há muriçoca, barata e até rato”, reclama. O pedreiro José Antônio de Souza se diz insatisfeito com a gestão local e afirma que esperava outro tipo de tratamento do governo para com a cidade. “Está abandonado o meu Juazeiro. Não tem ninguém aí com interesse em cuidar da cidade. Onde se anda só o que se vê é buraco, é lixo e falta de cuidado com o povo”, afirma. Sem explicação José Antônio, como é conhecido, diz não entender o porquê da negligência com a periferia de Juazeiro. “Não tem explicação. Ano que vem, vai todo mundo voltar a frequentar os bairros pedindo votos para os deputados. Quero ver quem é que vai ter coragem de bater lá em casa”. No bairro Pio XII os problemas também se agravam. Na Rua Coronel Raul, por exemplo, os buracos são visíveis em quase toda a extensão da rua. O número de acidentes tem crescido no local devido aos buracos, conforme afirmam alguns moradores. “É perigoso andar por aqui, principalmente de moto. De noite, como a iluminação também não é lá essas coisas, é fácil cair dentro de um buraco desses, quebrar uma peça da moto ou ainda ser vítima de um acidente mais grave”, diz o açougueiro Orlando Araújo, que reside no local. O rapaz também se sente prejudicado com a falta de limpeza no bairro e com o mau cheiro vindo dos esgotos que correm na maioria das ruas do bairro. “Tem esgoto a céu aberto em tudo quanto é canto aqui”, diz. Moradora do bairro João Cabral há cerca de cinco anos, a dona de casa Zulene Araújo Barbosa também reclama. Ela diz que nunca viu serviço de poda das árvores em frente a sua residência, ou em qualquer outro local da rua onde mora. “Aqui quem manda a poda são os proprietários dos imóveis. Meu marido mesmo é quem faz a contratação de um rapaz pra fazer o serviço”, afirma. Zulene Barbosa informa que o serviço custa em média R$ 40,00 e que o trabalho precisa ser realizado a cada quatro meses. “Até isso saí do bolso da gente. E, se não for feito o serviço, é capaz de cair os fios de energia na cabeça da gente”, garante a moradora. No bairro João Cabral, mais precisamente na rua Jaime Dorçyl, um terreno serve de depósito de lixo e de proliferação de insetos, animais e doenças. A doméstica Iraneide Lopes da Silva vive com a família ao lado do terreno e disse não suportar mais a situação. “É um absurdo o que a gente passa nesse Juazeiro. Não tem quem recolha esse lixo aqui mais não. Eu já chamei a Prefeitura, já liguei pra Polícia e nada”, diz revoltada. Por telefone, o assessor especial da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos, Silva Lima, discordou das denúncias apresentadas pela população. Conforme informou, a coleta de lixo é realizada diariamente em todos os bairros da cidade. “A população também precisa cooperar com a gestão no sentido de colocar a sacola de lixo na porta de casa no horário de recolhimento pelo caminhão da coleta”, avalia. Ele diz que a Prefeitura está realizando uma campanha de educação junto à população. “Há carros de som e pessoas ligadas à Secretaria distribuindo material de propaganda em torno dessa campanha”, informa. Sobre os buracos, disse que o município já deflagrou uma operação “tapa buracos” e que até o fim do ano todas as ruas deverão estar recuperadas. “Até dezembro, nós esperamos concluir esse trabalho de recuperação das vias”. Já em relação a questão das podas de árvores, ele diz estranhar que moradores tenham levantado tal denúncia. “Temos uma equipe de 15 pessoas trabalhando na realização dessas podas. Há um técnico ambiental que orienta os funcionários no serviço sem que haja impacto ao meio ambiente”, afirmou Silva Lima ressaltando, ainda, que ações do tipo estão acontecendo, desde ontem, em diversas ruas do bairro Jardim Gonzaga. “Há uma equipe de 60 homens no local realizando serviços de varrição, poda de árvores e capinação”, concluiu. Mais informações: Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Serviços Públicos Avenida Ailton Gomes, S/N Parque Ecológico das Timbaúbas Juazeiro do Norte- Cariri ROBERTO CRISPIM COLABORADOR ENQUETE O que falta no serviço público de sua cidade? “Falta interesse em trabalhar pela população. Nunca vi tanta falta de responsabilidade. Juazeiro mais parece um depósito de lixo com tanta porcaria espalhada pela cidade. Só o que tem é buraco e lixo” José Antônio de Sousa Pedreiro “Deveria existir aqui em Juazeiro do Norte mais preocupação com a limpeza da cidade. Em todo o canto que se anda a cidade é suja. Tem canto que o povo vive doente por causa da sujeira” Maria das Dores Silva Dona de casa Onda de insegurança causa preocupação Juazeiro do Norte. Não são apenas os problemas de falta de infraestrutura que têm ocasionado verdadeira angústia junto aos moradores de áreas periféricas deste município. O crescimento no número de casos de violência tem feito com que diversas famílias mudem seus hábitos na tentativa de se manterem seguros. Local onde já aconteceram casos de violência foram identificados pelos moradores numa campanha popular que denuncia o crescimento dos casos de assaltos e roubos em diversos bairros da cidade. O medo de assaltos, roubos, homicídios, bala perdida e estupros predomina nas áreas de maior carência. No bairro João Cabral, por exemplo, moradores temem que a falta de policiamento resulte na ampliação das ocorrências já registradas. O lugar é conhecido como um dos locais de maior concentração de venda de drogas na cidade. Produtos como maconha, crack e cocaína são comercializados em plena luz do dia, na presença de moradores e demais transeuntes. “A gente tem medo de que alguma coisa aconteça com os filhos da gente, né?”, questiona a moradora Rosana Mathias. Segundo ela, o número de casos de assassinato também é crescente no local. “Não faz nem sete meses que mataram um menino bem perto daqui de casa”. Um dos pontos de maior perigo, segundo afirma, é a chamada “praça do CC”, ao lado do posto de saúde do bairro. No local não há iluminação, o que facilita a ação de roubos, assaltos e venda de drogas. A balconista Maria Evangelista, que mora no bairro Tiradentes, também se mostra preocupada com o aumento da violência na localidade. “Todo dia tem assalto aqui no Tiradentes”. No Centro da cidade a situação também é de preocupação. Um dos pontos de maior incidência criminal é a Rua São Francisco, próxima à Praça Padre Cícero, onde está localizada a agência do Banco do Brasil. De tantas ocorrências registradas, os moradores resolveram identificar a rua como ponto de ação dos bandidos. Placas de identificação foram colocadas em portões e fachadas de casas e comércios já assaltados. Recentemente, um levantamento determinado pelo comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar em Juazeiro do Norte (BPM), tenente coronel Wellington Alves da Silva, resultou no mapeamento das áreas de maior índice de cometimento de crimes no município. Conforme o levantamento, os bairros João Cabral, Santa Tereza, Timbaúbas, Pio XII e Triângulo são os que mais preocupam as autoridades policiais. Os bairros Salesianos e Tiradentes também são vistos como perigosos. Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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