Mandacaru é alternativa em Itatira

Itatira. Sem nem mesmo saber o que significa Instituto Nacional do Semiárido (Insa), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com linguagem acessível à maioria dos agricultores que vivem no semiárido, o agricultor Luiz Lino Barbosa, de 67 anos, criou um projeto sustentável de convivência com a seca, na comunidade de Alegre, distante 50 quilômetros da sede de Itatira. O produtor plantou dois mil pés de mandacaru em 2005, cultura pouca explorada no sertão que se encontra pronta para o consumo animal. Para ele, as vantagens é que a cactácea é de fácil adaptação ao clima quente dos Sertões de Canindé. Além desse investimento, o agricultor familiar plantou, em forma de consórcio, 10 mil mudas de palma adensada, 2,5 mil pés de leucena e 200 mudas de jucás, além de cana-de-açúcar e capim búfalo. Luiz Lino cria bodes e ovelhas e assegura que seu projeto garante alimento para os animais por um bom período de estiagem. “Tenho um banco de suporte forrageira muito bom, feito à base de leucena com cana-de-açúcar”. Na localidade de Urubu, onde estão implantados os plantios, choveu apenas 68.5 milímetros nos meses de janeiro e fevereiro de 2014. Para que tudo dê certo, Luiz conta que recebe ajuda da mulher Francisca Luzanira Bento, de 58 anos, e o filho Antônio Cleber Barbosa dos Santos, de 27 anos. “Para nós que moramos no campo, a aprendizagem é infinita. Todos esses plantios são baseados na experiência que faço a cada ano e a resistência dessas plantas só tem nos ajudado a manter nossos animais”, comemora Luiz Lino. Alternativas Para saber a temperatura, ele trabalha com um medidor do tempo e tem na ponta da casa um pluviômetro para ter noção do que chove a cada ano na sua propriedade. “Já que não é possível evitar a seca, a atitude mais eficiente é aprender a conviver com ela”, diz o sertanejo. Para ter água para consumo humano e animal, ele conta com uma cisterna de placa construída com recursos próprios, com capacidade para 16 mil litros que dá para atender sua família por um ano meio. Quanto aos animais, ele montou uma bateria de seis tambores de 250 litros cada que recebem água por captação de um açude construído na entrada de sua propriedade. O Gerente da Ematerce de Canindé, Domingos Sávio, defende o projeto e sonha implantá-lo em outras regiões. “Esse conjunto é chamado de ‘alternativas de convivência com o semiárido’, como construir cisternas para armazenar água dos rios e das chuvas e fazer um planejamento para vencer a aridez e extrair o melhor da terra”, explica. O agricultor Luiz Lino explica as diferenças depois da implantação das alternativas à seca. “Antes, aqui só era caatinga e pedra. Agora está aí, olha, fartura. Os animais comem na hora que querem, sem ter que fugir em busca de alimentos e invadir propriedades dos vizinhos”, diz orgulhoso. Luiz Lino lembra que antes não conseguia criar muita coisa. “Na seca, era um Deus nos acuda. Faltava tudo, até mesmo alimento para as galinhas que eu tinha no quintal. Hoje tudo mudou, e crio com segurança e o que é mais importante sem agredir ao meio ambiente”, recorda. Agricultor Luiz Lino Barbosa, do distrito de Alegre, conseguiu criar um projeto sustentável, com uma plantação do vegetal nativo foto: Antônio Carlos Alves Antônio Carlos Alves Colaborador Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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