Professores feridos em manifestação rejeitam acordo e serão julgados por depredação

Dois manifestantes feridos em ato durante a greve de professores em 2011 rejeitaram acordo na Justiça e irão a julgamento pelos crimes de depredação do patrimônio público e resistência. Em audiência na tarde desta terça-feira, os professores José Ronaldo Rogério Alexandre e Arivalto Freitas Alves não aceitaram a proposta de suspensão condicional do processo. Agora, eles terão 10 dias para apresentar defesa e indicar testemunhas.
Ronaldo Rogério ao amparar manifestante ferido. (Foto: Frank Costa / Apeoc)
A suspensão condicional se trata de benefício concedido a quem não responde a outro processo criminal e é acusado por crime cuja pena mínima é inferior a um ano, conforme explicou o Ministério Público do Estado ao O POVO. Ronaldo Rogério e Arivalto Freitas são acusados pelo policial militar Willian de Sousa Silva de participação no confronto em que lesionou a mão direita do oficial. O policial não chega a afirmar que um dos dois foi autor da lesão. Os dois manifestantes ficaram feridos no confronto. Foto do Ronaldo Rogério sangrando e amparando outro manifestante chegou a ser publicada pelo O POVO.
Caso tivessem aceitado o acordo, os acusados admitiriam culpa nos crimes. Eles assinariam a suspensão condicional do processo e não seriam réus. Precisariam, todavia, comparecer ao fórum todos os meses, durante dois anos. Além disso, não poderiam se afastar da comarca de Fortaleza. Outra condição seria pagar os prejuízos apontados pela Assembleia Legislativa e pela Polícia Militar. Como não houve acordo, o processo irá correr. Os réus terão 10 dias para apresentar defesa e indicar testemunhas.
Enquanto ocorria a audiência, foi realizado ato em solidariedade aos dois manifestantes.
O confronto entre professores e o Batalhão de Polícia de Choque em 2011, durante manifestação dos grevistas, ocorreu em 29 de setembro de 2011, na Assembleia Legislativa.
O confronto
No dia do confronto, professores tentavam participar da sessão que votava o plano de carreira dos docentes que havia sido enviado à Assembleia pelo então governador Cid Gomes. Porém, as portas de entrada das galeria da AL estavam fechadas e o circuito de TV desligado. Ainda assim a proposta foi votada pelos deputados. O presidente da Casa à época era o agora prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. O episódio chegou a ser explorado por adversários durante a campanha de 2012.
Os professores tentaram entrar na AL-CE mesmo com o cordão de isolamento montado pela Polícia Militar (PM). No protesto, alguns professores fizeram greve de fome. pelo menos cinco profissionais estavam em jejum havia três dias.
Na confusão, professores foram feridos e o policial Willian de Sousa Silva registrou um Boletim de Ocorrência contra os professores. Apesar da confusão generalizada, apenas José Ronaldo e Arivalto foram identificados.
O MPCE afirma que a denúncia tem “intuito pedagógico”. “O que se espera de uma manifestação é de que ela seja pacífica, sem o registro de violência ou danos ao patrimônio”, manifestou-se a instituição.
Fonte: O POVO Online
Zeudir Queiroz

Compartilhar notícia: