Feirantes da José Avelino em Fortaleza pedem outra alternativa

Imagem de divulgação da Web
A maior feira a céu aberto de Fortaleza está com os dias contatos. 14 de maio é o último dia para que os feirantes deixem a feira de confecções da José Avelino. O prazo foi dado pela Prefeitura de Fortaleza após debates de alternativas de desocupação para o local. Insatisfeitos, feirantes reclamam e garantem que irão resistir. “Nasci e cresci aqui nessa feira, e agora vou para onde?”, diz preocupado o feirante Sérgio Raimundo. Vendedor de peças infantis, seu Sérgio diz não saber para onde ir depois do dia 14 de maio. De acordo com ele e os demais feirantes entrevistados pelo jornal O Estado, ontem pela manhã, a opção, que é o empreendimento Centro Fashion, na Avenida Filomeno Gomes, é inviável. “Estou muito triste com tudo isso. A gente não tem condições de pagar uma banca naquele lugar. Aqui, vendo três conjuntos por R$ 20,00 e não dá para tirar, praticamente, nada para mim. Como vou pagar um espaço ali? Sinceramente, não sei o que vou fazer”, lamentou. Damião dos Santos também reclama. “R$ 20 mil em um box? De onde vou tirar dinheiro para pagar isso? Se aqui eu vendendo barato, porque uma peça a R$ 10,00 é barata, já não estou vendendo bem, imagina lá que ainda vou ter que pagar manutenção e outras despesas. Iria ter que aumentar o preço e minhas vendas cairiam ainda mais. Não dá, e nós vamos resistir, fazer o que for”, disse. Para Leonardo Sousa, que há sete anos, vende vestidos na José Avelino, as expectativas são as piores. “Todos nós aqui somos fabricantes de fundo de quintal. Nossas peças são fabricadas em nossas casas. Como vamos ter condições de pagar um box ali (Centro Fashion)?”, indagou. Leonardo observa, ainda, que o movimento caiu bastante devido ao momento de crise financeira pelo qual passa o País. “As vendas nunca estiveram tão ruim”, ressaltou. “Além da crise, tem a Justiça que atrapalha e a pressão da Prefeitura para que a gente saia. Nós já perdemos compradores que vinham do Maranhão e Piauí, se você observar, os ônibus aqui diminuíram bastante. Eles estão indo comprar em Pernambuco, lá eles têm segurança, tem onde estacionar os ônibus. Aqui, a gente só perde”. Outro feirante, o Edimar Machado, parou para reclamar também. “O pobre não tem vez. A gente chega 3 horas da madrugada para trabalhar, confecciona em casa, e o pouco que ganha é para colocar comida dentro de casa. Ninguém fica rico aqui não. Estou aqui preocupado porque não consegui o dinheiro do cartão ainda. Se aqui já está ruim, ainda querem nos colocar ali, se a gente não tem condições”. A recepcionista Renata Ribeiro afirmou que gosta de ir à José Avelino pelos preços baixos e variedade. Ela estava aproveitando o domingo para fazer compras. Sobre a transferência dos feirantes, opina que irá acabar com a referência que a feira já conquistou. “Acho que aqui é bem conhecida, é central também. Se não encontra o que quer, tem os galpões próximos”, apontou. Já o motorista Antônio Araújo, observou que entende o projeto de levar a feira para outro lugar. “Realmente, tenho que concordar, que atrapalha o trânsito da região que abriga vários pontos turísticos, temos o Mercado Central, a Catedral. É uma dificuldade passar de carro por aqui em dias de feira, se você quer ir à missa na Catedral também. Antes, não dava nem para passar na calçada da igreja. Espero que seja uma solução boa para todos”. Transferência A alternativa mais indicada aos feirantes da José Avelino é o Centro Fashion, no bairro Jacarecanga, que será inaugurado no próximo 26 de abril. O empreendimento foi pensado para atender as demandas dos feirantes, inclusive, em acomodação para comerciantes que vêm de fora e local para estacionamentos de ônibus. São 40 megalojas, 300 lojas e 4.500 boxes, que podem ser ampliados para até oito mil. Além disso, a Prefeitura também garantiu cerca de 300 boxes no Mercado São Sebastião e no Beco da Poeira. Após o anúncio da transferência da feira, em reunião com representantes dos feirantes e Ministério Público do Ceará, a Prefeitura informou que o último dia de feira na José Avelino será 14 de maio. No dia seguinte, as reformas de requalificação da rua e entorno já serão iniciadas. As ações fazem parte do planejamento Fortaleza 2040. Fonte: http://www.oestadoce.com.br
Zeudir Queiroz

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