Carnaval acaba, mas rastro de lixo fica em Fortaleza

Enquanto fazia ginástica na academia popular, na Praça da Gentilândia, José Nídio da Silva rezava para que São José mandasse chuva para lavar as ruas do bairro Benfica. “Porque a Prefeitura tira o lixo, mas e a catinga, quem é que tira?”, questiona o aposentado, se referindo ao odor de urina. A praça foi um dos polos do Carnaval de Fortaleza e, como todos os outros, amanheceu a Quarta-Feira de Cinzas coberta por latinhas de refrigerante, sacos plásticos e confete. Muito confete. Um total de 122 garis fez a limpeza e varrição dos nove polos oficiais da folia — Aterrinho da Praia de Iracema, Benfica, Mocinha, Passeio Público, Avenida Domingos Olímpio e Mercados dos Pinhões, da Aerolândia, dos Peixes e do Joaquim Távora. A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) informou que somente hoje deve divulgar um balanço da quantidade de lixo recolhido. Nas praças dos Leões e da Gentilândia, no Passeio Público e no Aterrinho da Praia de Iracema O POVO encontrou, na manhã de ontem, não somente a sujeira de latinhas e garrafas pet. Achou também garrafas de vidro, muitas delas quebradas, no meio do monturo. A gari Neusa Nascimento, 65, chegou ao Passeio Público às 7 horas e recolheu muitos recipientes do material quebrados. “Dava para encher um saco de 100 litros e ainda sobrava. É perigoso demais o povo bebendo e ter garrafa de vidro na festa”, alerta. O baobá centenário do Passeio Público estava rodeado de garrafas de cerveja, mesmo com a legislação municipal, datada de 2009, proibindo a venda de bebidas em recipientes de vidro em festas da Prefeitura. Edson dos Santos, 54, embalador de obras de arte veio de São Paulo e disse estar admirado com a sujeira deixado pelos foliões. “As pessoas colocam a culpa no prefeito, mas são elas que sujam as ruas. Em todo lugar é assim”, opina, mas ponderando que faltam lixeiras em Fortaleza. Na praça General Tibúrcio, conhecida por Praça dos Leões, local com evento fora da programação oficial, não foi diferente. Cocos, garrafas pet, latinhas de cerveja e refrigerante compunham ao espaço público, que estava com odor de urina. Pelo menos a estátua da escritora Rachel de Queiroz, rodeada pelo lixo, tinha recebido flores, deixadas em suas mãos. No Aterro da Praia de Iracema, sabugo de milho, cascas de coco e sacos de gelo se misturavam às latas e garrafas. O artesão Felipe Campos, 33, usou um detector de metais na areia da praia para ver se encontrava material. “A única coisa que eu achei foi uma moeda de 25 centavos. Toda enferrujada”, diz. Fonte: www.opovo.com.br
Zeudir Queiroz

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